O longo 2012
Eu estive pensando: Qual foi meu saldo no ano de 2012?.. Positivo ou negativo?.. Tanto faz, saldo é saldo..
Então, foi o ano dos testes. Eu fui colocada na parede por todas as frases que eu joguei ao vento, tais como: "Quando eu fizer 18 anos, vou embora da sua casa"; "Eu não sou feliz aqui"; "Prefiro ser solteirona, e não sofrer por um cara"; "Nada muda minhas ideias"; "Tenho muita coisa pra fazer pra ficar me importando com uma simples opinião"; "Eu não to nem aí" "Feliz eu sou mesmo é sozinha"
Mordi minha língua 115569468435 mil vezes.
O ano começou um oba oba só, terminei o insuportável ensino médio, chegou o carnaval, farra, afetos e desafetos, o celular tocava tanto, que quando ele não tocava eu poderia ouvi-lo tocar e pegar rapidamente pra checar, emprego novo, praia de ipanema até às oito da noite.
Então, como todo o carnaval tem seu fim, lá veio abril pra me sacudir. Cada dia me sentia mais invencível, os sambinhas da vida me chamavam pelo nome, amigos novos. Uma delas foi uma coisa muito estranha... chegou meio "será mesmo?" E quando eu vi, já estava na minha rotina.
As quintas- feiras, ahhhh as quintas- feiras... não tinha um dia que me deixava maisss entusiasmada do que esse dia sem vergonha anunciando finais de semana muito agradáveis. A primeira importante quinta- feira foi ótima, risinhos, olhadinhas sem compromisso. A segunda teve mais olhares, risinhos maaais abertos, e conversinhas.
Minha nova e incrível amiga tinha me apresentado um evento que acontecia às quintas em um bar, que nesse evento tocava uma banda, que nessa banda tem um cantor. Sim o cantor.
Na terceira quinta em diante foram olhares que quando me pegavam me tiravam dessa dimensão, eu poderia ignorar qualquer coisa que estivesse ao redor, enquanto a boca do lado de lá se movimentava conforme as letras das músicas. Cada música deixava uma dúvida de "será que é pra mim?"
Não devia ser não.. rss No auge da minha impaciência, arrumei logo outro lugar para ir às quintas..
Eis que o cantor sentiu minha ausência, falou comigo, e as conversas aconteciam num ritmo bobo.
Numa bela sexta do mês seguinte eis que surge um beijo, que desestruturou QUALQUER pensamento que pudesse ter. Longa conversa, e a curiosidade aumentava, e o interesse aumentava. Eis que maio me trouxe um amor.
AMOR, é assim que eu o chamo hoje, e sai tão natural quanto respirar...
Tudo conspirava ao nosso favor, eu senti algumas coisas pela primeira vez, minhas unhas em suas costas era uma tentativa de fixá- lo em mim de algum modo que eu não pudesse esquecê- lo... Era uma paixão tão latente que cada despedida era seguida de uma necessidade maior de ver um ao outro novamente.
Qualquer coisa que eu esperava de um homem ele tinha, tivemos obsáculos também.. mas nada poderia me tirar aquela sensação efêmera de que eu tinha finalmente recebido o bilhetinho premiado da sena!
Eu sou uma menina, daquelas bemmm indecisas, uma canceriana tão estável quanto a água do mar.
Eis que chega o dia de ir embora. Sim, antes de tudo eu tinha planejado uma grande viagem de uns bons meses longe de tudo (É claro que esse plano foi no desespero da invalidez pós vestibular que eu senti... Como eu desejava uma passagem só de ida pra um país dos Emirados Árabes onde nem meu rosto inteiro eles conseguiriam ver), o rumo é me afastar daqueles corações esperançosos que moravam comigo e apanhar um pouco, e me virar, e me testar, e fugir.
Mas como se foge depois de um grande amor? Como se foge depois de ter uma amizade insuperável, e um carinho que não cabia dentro dela (minha amiga)?
Bem, eu não dei pra trás, e fui, cheeeeeeia de medo, dor, vontade de ficar, mas eu fui.
Primeiros meses mais NO LIMITE que eu já tive.. (já tirando a possibilidade de meses piores) Era uma solidão, um desespero de querer alguém, milhões de pessoas que me fizessem ignorar meu coração por um mísero minuto, vontade de ouvir uma opinião, vontade de amar de perto, vontade de morrer.. eu tinha dessas coisas todos os dias.
Tudo era insuportável, passei por duas semanas doente, emagreci, enfraqueci...
Quando eu achava que não tinha mais, eu senti o amor e compaixão direto de Deus, me virei, aprendi a rodar uma cidade impossível de se locomover sem carro, me curei da minha doença, retomei a força pra continuar, mas as noites chorosas continuavam.
Senti saudade de alguém que eu passei metade da vida inconformada com tanta incompatibilidade genética.. Descobri que na verdade sou ela numa versão mais alta, mais jovem, e mais peituda (no sentido de corajosa). Minha mãe voltou a ser a pessoa que eu esperava ouvir depois de um longo dia, as nossas brigas me faziam querer me enfiar na frente de qualquer trem que circulasse na cidade, eu tinha desespero em saber que eu era a pior filha, a menina mais desmiolada, a mais intelectualmente fraca, eu era a filha mais sem vontade de ser filha do mundo.
Hoje depois de tantas viajens, pessoas diferentes, eu afirmo, todo mundo nasce onde tem que nascer... eu amo a minha família. Eu tive que aprender a me abrir e me colocar na posição de entender e enfrentar os meus problemas familiares.. os meus muitos. Tenho várias teorias, mas uma certeza eu tenho, eu nunca os abandonaria, eu quero ser a melhor filha, e neta e irmã... eu to muuuito longe disso, mas eu quero.
Eu quero uma relação saudável, eu quero viver em paz com a minha mãe, e ter cumplicidade. Aprendi que maior medo da minha vida é perder minha vó, que só de pensar me desespera.
Entendi que meu irmão não é um inconsequente, irresponsável que me irritava, entendi que ele é um ser humano falho, cheio de dúvidas, com baixa auto estima, e que precisa ser amado, e que precisa de cuidado.
Eu vi que sou mais adulta do que pensava que eu era, vi que consigo ver o mundo de cima quando eu quero, vi que eu sou inteligente sim, que eu não preciso fugir de nada na vida, que a minha vó tem que ser imortal, que erros são reparáveis, que todas as pessoas tem medo, que NADA, NINGUÉM É PERFEITO, que namorar é muito bonitinho mas tem que estar disposta a possíveis desentendimentos, que febre não mata, que dor de estômago não é câncer, que eu não sou mais importante que ninguém, que drama demais enjoa, que pessoas de outros continentes me adoram do jeito que eu sou. Que eu quero evoluir e quero fazer as pessoas que eu amo crescer comigo. Aprendi que ficar um dia sem comer não mata, que a minha mãe tem uma paciência infinita porque lavar roupa, cozinhar e ainda aturar meus atrevimentos é demais pra um ser humano.. rssss
Estou voltando pros braços de tudo que eu amo em 4 dias, em 4 dias eu saio da neve tão depressiva pro calor alegre, to voltando cheia de projetos a serem tocados.
Morar sozinha é bem difícil, sair de outro país pra encarar terras estranhas é um ato de bravura, eu sou uma guerreira, administrar dinheiro é comigo mesmo e que meu namorado me esperou por 4 meses sem pressão, e estava me dando suporte nas minhas recaídas..
O AMOR EXISTEE!!!!!!!!!!! AMOR É TUDO, FAMÍLIA É TUDO, EQUILÍBRIO É TUDO!!!
Saldo positivo em 2012 e que venha 2013 pra me mostrar que eu sou ainda mais capaz! Obrigada Deus, obrigada vida!